terça-feira, 23 de setembro de 2008

Esquema da aula - O movimento operário na Primeira República

AULA MOVIMENTO OPERÁRIO na Primeira República

Cronologia (ver folha): pode ser dividida em 4 períodos:

i. 1889- 1900: primórdios do movimento operário: início da organização operária; República: da esperança à decepção com o novo regime

- em 1890 surge o primeiro jornal operário (A Voz do Povo) e também o Partido Operário

- ameaça de greve geral consegue revogar a proibição de greve e coligação operária prevista no novo Código Criminal

- em 1891: 1a. celebração do 1o. de maio no Brasil; greve dos ferroviários ajuda a derrubar Deodoro

- Em 1893: primeiras expulsões de ativistas estrangeiros durante o governo Floriano

- Em 1895: Partido Socialista Operário

- Em 1898: 1o. jornal anarquista do DF, O Despertar, defende greve geral para abolir o Estado

ii. 1900-1910: aumentam as greves e as tentativas de agrupar a classe operária; aumenta também a repressão;

- 1900: greve de estivadores, ferroviários e carroceiros planejada como parte de um golpe para derrubar Campos Sales

- 1902: 2o. Congresso Socialista brasileiro

- 1903: Fundação da Federação das Associações de Classe

- 1904: Participação operária na Revolta da Vacina

- 1907: Lei Adolfo Gordo permitindo a expulsão sumária de ativistas estrangeiros; 132 expulsos somente neste ano (de um total de 556 até 1921)

- 1910: Federação Operária (anarquista) recusa envolver-se na campanha presidencial

iii. 1911-1919: Auge do movimento anarquista; greves gerais durante 1a. guerra;

iv. 1920-1930: Recuo do movimento operário em geral e do anarquismo em particular; entrada em cena dos comunistas ==> participação campanhas eleitorais

I. Composição do operariado

II. Condições de trabalho

III. Condições de vida

IV. Associações operárias

V. Principais correntes

a. Socialistas reformistas

b. Anarquistas

c. Comunistas

VI. A repressão

I. Composição do operariado:

- Representava ainda uma porção muito pequena da população: em 1889 eram 54.169 trabalhadores= 0,4% população brasileira; em 1920, 275.512 = 1% pop. brasileira; o Brasil ainda era um país agrário (c.80% pop. no campo) e a mobilização operária tinha um caráter secundário: representava um pequeno setor no todo da população, ‘ilhado’ nas poucas grandes capitais em um processo de industrialização

- Havia um grande número de imigrantes (para Mendonça: estrangeiros + projeto de ascensão social): em 1900 eram 90% em SP e 40% no Rio; em 1920 números haviam caído para 51% e 35% respectivamente; rivalidades e dificuldades de comunicação;

- Participação feminina em 1920: 29% em SP e 27% no RJ; números subiam em termos do setor têxtil: 58% em SP e 39% no RJ;

II. Condições de trabalho:

- Fluxo imigratório + êxodo rural + crescimento vegetativo das classes populares + presença de mulheres e crianças ==> redução dos salários

- Entre 1914-16 salários crescem somente 1% x 16% custo de vida

- Entre 1914-19 salários crescem 23%* x 48% custo de vida

* Este maior percentual de aumento se deve às greves durante a I GM? Parece...

- No DF o salário diário médio pago a um tecelão com mais de 14 anos era cerca de 25% mais alto que em S.Paulo e praticamente o dobro do que era pagao em MG ou nos estados do NE

- Em termos de horas trabalhadas, a jornada de trabalho era bastante longa, atingindo – no início século XX – 14 horas no DF e 16 horas em São Paulo, sem descanso semanal remunerado nem férias; inexistência de legislação trabalhista, cada fábrica com seu regulamento;

III. Condições de vida:

- Alimentação precária

- Habitações precárias: ou cortiços no centro ou em periferias padecendo com transporte e infra-estrutura; ou em vilas operárias submetidos ao controle patronal;

- Sem políticas sociais, no caso de doença, invalidez ou desemprego dependia de um fundo beneficente da empresa ou de alguma sociedade de auxílios a que pertencesse; até mesmo os acidentes de trabalho corriam por sua conta (irão ser lentamente regulamentados)

IV. Associações operárias:

- Sociedades de socorro mútuo (ppalmente desde a 2a. met. S.XIX): solidariedade (doença, incapacitação, desemprego, funeral) e zelar pelos interesses da classe

- Sindicatos operários (com nomes diversos: associação, centro, grêmio, liga, sociedade, união e até sindicato) voltados para a ‘ação econômica’; qualificavam-se “de resistência” para diferenciarem-se das sociedades mutualistas consideradas “beneficentes”; mas muitas prestavam alguns dos auxílios das sociedades mutualistas;

- Eram de 3 tipos (+ um como veremos):

associações pluriprofissionais (diferentes ofícios e diferentes ramos industriais) – normalmente adotam o nome de união ou liga operária

sociedades por ofício (operários de um determinado ofício e eventualmente de ofícios similares) – BASE DA ORGANIZAÇÃO OPERÁRIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA, predominante no movimento até pelo menos a segunda metade dos anos 1910 (e.g. sindicato dos pedreiros, sindicato dos carpinteiros, sindicato dos estucadores – profissionais mais qualificados)

sindicatos de indústria ou ramo de atividade (e.g. sindicato da construção civil, agrupando as profissões sem maior qualificação; sindicatos da indústria têxtil, tb pouco qualificada)

+ sindicatos de empresa (operários da mesma empresa mesmo que pertencentes a diferentes ofícios)

- Federações locais ou estaduais (muito irregulares no seu funcionamento) e também federações de ofício ou ramo de atividade

- Centrais sindicais ou confederações, teoricamente de dimensão nacional ou inter-estadual (ausência de base nacional real)

- Cooperativas de consumo e de produção

- Associações culturais

- Associações recreativas

- Associações educacionais

- Associações políticas

- Organizações voltadas para o lazer, p.ex. , clubes de futebol (ver Leonardo A.M. Pereira)

- Batalha (p.21) lembra que uma única associação geralmente desempenhava mais de uma dessas atividades

V. Principais correntes:

a. Socialistas reformistas (alguma importância nos períodos i e ii): defendiam a participação político-eleitoral e a greve pacífica;

b. Anarquistas: contra a luta parlamentar e os partidos; a favor da greve como instrumento fundamental (ação direta); pela abolição do Estado e das leis; [ler trechos de A Plebe – ver ficha - acerca dos postulados, objetivos e métodos do anarquismo]; pelo internacionalismo e contra a idéia de pátria;

c. Comunistas: 5 principais diferenças em relação aos anarquistas: valorizam o papel do Estado, atuação no campo político-partidário, defesa da organização sindical centralizada, reconhecimento das questões nacionais e, por fim, vêem reformas como caminho para a revolução;

VI. Repressão:

- Prisões arbitrárias, expulsões de estrangeiros sem processo regular, invasões de domicílio, espancamentos, empastelamento de jornais, aprisionamento na Amazônia, mortes em manifestações; Estado aliado dos patrões;

- A repressão em S.Paulo era muito mais acentuada do que no DF, onde o governo estava mais sujeito a pressões

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